O LEITOR DIANTE DO IMPONDERÁVEL E A BUSCA PELA NOTÍCIA DE CONSUMO FÁCIL
Malu Fontes
Esse leitor considera mil vezes mais importante ler e discutir o surgimento de um 13º signo, sobretudo quando é batizado de serpentário, do que ler, se interessar e, menos ainda, discutir a eternização de Sarney como presidente do Senado.
Como seu repertório já é curto e esse leitor ou telespectador não vê nenhum problema nisso, aliado ao fato de considerar as notícias sérias chatas, ele opta, voluntariamente ou não, por uma espécie de alienação do mundo onde, de fato, as coisas que importam são decididas e acontecem. Esse leitor está para informações como esta do signo serpentário como a espuma está para água: encharca-se, absorve todas. São unha e cutícula. Notícias dessa natureza são das poucas que lhe interessam. Eles querem saber do transcendental, do imponderável, do inócuo, do milagre. E esses leitores e telespectadores são maioria, daí a repercussão.
Mas há duas explicações para esse fenômeno, ou seja, para a repercussão de um tipo de notícia como esta ampliar-se tanto. A primeira delas é que, com o fenômeno da internet, do jornalismo online, com a concorrência dos sites e portais por audiência, a necessidade de abastecer esses espaços com informações novas e diferentes torna-se incessante. A segunda explicação é que a universalização maior do ensino não se traduziu em um universo de leitores e telespectadores mais exigentes quanto à qualidade e à importância das narrativas que consomem, sejam elas informativas ou não.
Obs: Este texto integra uma matéria ampla, da repórter Cássia Candra, sobre a ampla repercussão nos meios de comunicação da informação de que 'surgiu' um décimo terceiro signo no zodíaco.
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